Foi um daqueles dias que você sabe que não é para sair de casa. Precisamente dia 24 de agosto de 2011 as 10h06min, eu esta em pé como passageiro do Biarticulado Boqueirão Ligeirão, e este ônibus bateu em um carro que atravessou o sinal vermelho (sim, no mesmo dia que outro ônibus colidiu com outro nas proximidades do Portão – Curitiba).
No momento da batida, só vi as pessoas (dentre elas, um deficiente físico e alguns idosos) sendo arremessadas de um lado a outro do ônibus. No mais, sai do ônibus, somente com uma leve dor na perna direita, enquanto desviava de algumas pessoas que ainda estavam no chão esperando algum atendimento por parte do SIATE (feridos no local foram vários, mas os que foram para o hospital naquele momento, somente dois).
Andei algumas quadras até o trabalho, até que em um momento tentando me abaixar, senti uma dor nas minhas costas, intraduzível em palavras, ao ponto de não ser possível ficar nem deitado ou me manter imóvel sem sentir a dor.
Após uns 45 minutos, o pessoal do trabalho conseguiu solicitar uma ambulância particular para me resgatar, visto que o SIATE e o SAMU não tinham interesse na minha pessoa, pois eu não estava mais no local do acidente (se fosse algo que levasse a morte, tenho certeza que eu não estaria mais aqui).
Cerca de três dias de exames de raios-X, tomografias e ressonâncias magnéticas, não obtive um diagnostico preciso e tomava remédios de hora em hora, para não sentir dor.
No quarto dia, eu já não sentia tanta dor, e por orientação do médico, consegui me sentar na cama por poucos segundos, pois ele precisava verificar se seria necessária a cirurgia, visto que se tratava de uma hérnia de disco traumática.
No sexto dia, insisti que o médico me deixasse tentar ficar de pé, pois já que eu não sentia mais dor ao ficar sentado e eu não queria de hipótese nenhuma fazer uma cirurgia que eu considerasse desnecessária (sério, eu estava com medo de fazer uma cirurgia na coluna). Assim, por alguns instantes, fiquei de pé sem nenhuma dor e andei cerca de 6 metros. Tive que reaprender andar nestes primeiros passos tortos depois de cinco dias deitado, mas graças ao Eterno, já me sentia suficiente bem para acreditar que em breve estaria em casa.
No sétimo dia, me esforçando para conseguir andar um pouco mais, mesmo com dificuldade, consegui aprovação do médico para voltar para casa, sob a exigência que eu ficaria 30 dias de cama sem fazer esforço e andar o mínimo possível (tempo próximo ao necessário para que a hérnia fosse tratada naturalmente).
Hoje, já me sinto bem, ainda não consigo ficar muito tempo em pé ou sentado, mas já consigo trabalhar um pouco em casa.
Mesmo não sendo uma experiência agradável ficar no hospital sem poder sair da cama, conheci pessoas interessantes de diversos grupos bem distantes ao que estou acostumado. Aprendi, dentre várias coisas, que até uma organização que trata da vida de pessoas, possui pessoas que trabalham o mínimo possível para ter seu salário no final do mês (mesmo que estas sejam poucas, elas ficam bem evidentes por seus atos) e que com um pouco de atenção é possível ajudar uma pessoa mais do que qualquer remédio.
Agradeço ao Eterno por ainda estar vivo e me recuperando, e também aos pacientes, funcionários, enfermeiros e médicos do Hospital Universitário Cajuru que me aguentaram estes dias. Aos que ainda estão por lá, estimo melhoras. Obrigado também aos meus amigos e colegas que estiveram comigo neste momento crítico da minha vida.